054 - Paciente do quarto 536

Primeiramente, quero deixar bem claro que sou cético em se tratando do sobrenatural.

Esse é um caso verídico, que ocorreu na ala especializada em oncologia e cardiologia do hospital Felício Rocho, em Minas Gerais. Como pacientes têm direito a privacidade, alguns nomes não serão citados.

Era uma segunda-feira agitada, e como sempre eu tinha um encontro marcado com a odiada paciente do quarto 536. Tratava-se de uma mulher de 47 anos, cabelos negros, 1,57 de altura e 55 kg. Em seus dias de lucidez era uma mulher de voz suave e um estranho gosto por roupas pretas, mas após meses de tratamento contra um tumor cerebral, parte dessa lucidez foi perdida, dando lugar a um comportamento irascível e muitas vezes ativamente agressivo.

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O cara na foto é o Dr. Alexandre, que trabalhava na oncologia e conhecia bem a paciente do 36. Hoje ele continua no hospital, no setor de nefrologia.

O motivo do meu encontro de segunda-feira, era para avisar a seus familiares que não havia mais nada que pudéssemos fazer por ela senão mantê-la confortável em seus últimos momentos.
Na tarde do mesmo dia, por volta das 17:40 ela faleceu, e eu juro para vocês que nunca vi alguém morrer com tanto ódio acumulado.

A partir desse dia, passamos a receber inúmeras reclamações sobre o quarto 536, relacionadas a perdas de sinal da tv a cabo (O hospital usava NET, e nenhum dos outros quartos apresentava problemas semelhantes), desaparecimento de pertences pessoais e acidentes (uma vez um fluxômetro se soltou da alimentação de O2 e quase feriu uma acompanhante).
Alguns dias adiante, recebemos nesse quarto uma paciente da cardiologia de 82 anos portadora de alzheimer, e no quarto 537 recebemos um paciente de 79 anos, muito lúcido.
Terminei meu dia, escutando as ótimas histórias que esse senhor do 37 contava, sobre seu trabalho como farmacêutico.

No dia seguinte, meu turno começou com uma notícia alarmante. A paciente do 536 havia tentado suicídio, através da janela do quarto, que não possuía grades de proteção.
Em casos de tentativa de suicídio, são destacados um psicólogo e um assistente social para fazer um acompanhamento padrão.
A psicóloga após avaliar o caso, veio até mim por ter feito a admissão da paciente, e perguntou se eu havia notado alguma alteração no comportamento da paciente. E então me relatou que ao questioná-la sobre o que a levou a tentar suicídio, ela havia dito que uma moça muito símpática, de roupas e cabelo preto e voz suave a acompanhou pelas mãos até a janela e pediu para que saltasse.

Fiquei um pouco assustado, ao associar a personagem fantasmagórica do fato àquela paciente cheia de ódio que vi morrer.

Tentando não dar muita importância ao fato, fui visitar meu amigo, o contador de histórias do 537. Ao entrar no quarto ele me fitou assustado, pediu para que me sentasse, e contou que na noite anterior, uma moça muito mal educada, de cabelos e roupas pretas, havia entrado em seu quarto e batido a porta do banheiro com um estrondo, e saído sem dizer nada.



Resumo

Num hospital oncológico, paciente cheia de raiva do 536 morre de câncer. (detalhe que ela só vestia preto e tinha cabelo preto). Coisas estranhas começam a acontecer no 36 (Perda de sinal de tv, sumiço de pertences, acidentes). É internada uma mulher com alzheimer no 36, e um paciente lúcido no 37. À noite, paciente do 36 tenta suicídio e diz que uma moça de preto levou ela até a janela e pediu pra pular. No outro dia, paciente do 37 diz que uma moça de preto o atormentou durante a noite.


Conclusão

A paciente do 36 trocou de quarto, mas morreu logo em seguida. Paciente do 37 fugiu do hospital e foi encontrado em casa. Como ele só tinha irritação na pele, o médico deu alta por evasão. Eu saí do hospital logo em seguida, mas por outros motivos (estava mudando de área).


   
     

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Citação :

ouviu-se um grito do lado de fora, bem ao longe

Nathalia permanece em silêncio.

Isso parece uma pessoa engasgada. - Sannya comentou contorcendo o rosto.

Engasgada? Com um grito desse? Você não quis dizer "Sendo esgoelada"? - responde Nathalia com esta expressão: o_o"

- Pra mim, parece alguém esfaqueado... vou trancar as portas logo! - então Andrew se levantou e trancou todas as portas e janelas do lugar.

Érica permanecia congelada em um estado de pânico controlado do lado de fora, novamente ela havia chegado mais tarde, alguns poucos minutos mais cedo e não pegaria todas as janelas e portas trancadas. Com o segundo grito do animal o medo a fez "acordar" para o perigo da situação - Gente...Tem uma raposa com raiva aqui fora...Gente? Abram a porta..! -Érica agora girava e forçava a maçaneta com rapidez.

Quem é? - diz Nathalia levemente sem fôlego