036 - Meus Erros

Citação :

"Isso tá errado. Não se faz mais assim."

Com essas palavras eu abri as portas para o meu inferno pessoal.

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Era um plantão noturno tranquilo no bloco cirúrgico e eu acompanhava o professor de anestesiologia. Nos fins de semana o hospital estava sempre cheio, difícil de andar pelos corredores, mas impossível ficar parado sem atrapalhar o trânsito de pessoas e macas. Felizmente - ou não - essa era uma madrugada de quarta-feira para quinta-feira e a calmaria reinava no local. Não tinha quase nenhuma cirurgia para assistir, mas eu só poderia sair depois de amanhecer, já que não passam ônibus de madrugada e eu estava sem dinheiro pra pagar um taxi. Vida de estudante é sempre assim...

No início da noite, foram duas cirurgias: uma cesárea e uma laparotomia de abdome agudo traumático. Depois disso, foram horas de espera e nada pra fazer. O professor me liberou para ir ao anexo que funciona como maternidade, caso eu quisesse assistir alguns partos e eu aceitei. Talvez devesse ficar alí, esperar no repouso assistindo TV até aparecer alguma cirurgia ou até amanhecer e eu ir pra casa, mas eu aceitei a oferta.

A esposa do professor é enfermeira e estava trabalhando naquela madrugada no anexo. Ela me chamou para assistir a um parto que acabava de iniciar. Foi aí que eu cometi o meu primeiro erro.

Durante o parto, o médico realizou uma episiotomia, um procedimento que eu aprendi que não era mais feito atualmente. E comentei isso em voz alta, o que me fez ser repreendido pela esposa do professor e retirado da sala imediatamente. Ela disse que eu havia desrespeitado o médico na frente da paciente e ligou para o marido para reportar o meu comportamento.

Como punição, eu não poderia assistir a nenhum procedimento por duas semanas e só me restava ficar sentado esperando a hora de sair. Eu estava aborrecido, mas percebi que o que eu tinha feito estava errado. E para ficar sozinho, procurei uma área perto de uma enfermaria vazia. Esse foi o meu segundo erro.

O ar estava estranhamente frio naquele local e o silêncio fazia companhia à escuridão. Não que estivesse realmente escuro, mas grande parte das luzes estavam apagadas, deixando a área menos iluminada que o resto do hospital. E então eu escutei uma voz de mulher reclamando de dor. Será que alguém a esqueceu alí, sozinha na enfermaria?! Sua voz era baixa e parecia vir do final do corredor.

Não encontrando alguém por perto, fui pessoalmente ver a mulher, que fez silêncio quando me aproximei da porta. Mas não encontrei ninguém. Não até me virar para voltar, confuso e assustado. Um calafrio percorreu minha coluna até a nuca. Em um último instante, com a visão periférica, vi de relance a mulher pedindo por ajuda. "Meu bebê", foi o que ela disse. Ela estava bem atrás de mim e por isso  violentamente eu me virei de volta para dentro. Estava realmente assustado, pois ela tinha sumido.

O pânico tomou conta do meu corpo. Não conseguia me mover e a ideia de olhar para trás era aterrorizante. Em um instante de coragem, corri de volta para onde estava. Passei a ter medo de olhar para o corredor e desisti de ficar alí.

Também achei melhor não comentar nada, para não ser visto como louco ou mentiroso. Mas aquele não foi o último encontro sobrenatural. E pensando bem, também não foi o primeiro...

   

     

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EU JA LI ESSA, CERTEZA!!!E se nao me engano foi no cel de Andrew!O_O"

Minha história foi postada \o/
(não podia perder a chance de pedir uma divulgaçãozinha XD)

Olhos de Branco

Oportunista!XD